Peering: Interconectando a Indústria de VoIP
"Imagem gerada por IA usando Microsoft Copilot"
À medida que o setor de VoIP continua a evoluir e amadurecer, começamos a ver um grande número de provedores ITSP (Internet Telephony Service Provider) fazendo peering entre si. Neste post, falaremos um pouco sobre o que é peering e por que estamos vendo um movimento em direção ao peering. Vamos começar fornecendo um pouco de contexto sobre o que é peering. O peering é um acordo entre duas ou mais redes (ITSP) para peering ou interconexão física com o objetivo de trocar tráfego entre os usuários de cada rede. O peering envolve a união de duas redes para um benefício mútuo, que normalmente é a redução ou eliminação dos custos dos serviços. Existem duas interconexões físicas para peering: peering público e peering privado (com objetivo de dar mais segurança entre Matriz e Filiais). Uma interconexão de peering público utiliza uma rede compartilhada multipartidária, como um switch Ethernet. Já uma interconexão de peering privado utiliza um link ponto a ponto ou direto entre duas partes.
Então, por que o setor de VoIP, mais especificamente as ITSPs no atacado e grandes provedores de serviços de varejo, está fazendo peering com mais frequência? Há alguns motivos: melhor qualidade e economia de custos.
Vamos analisar como as chamadas são tratadas. Uma ITSP atacadista compra serviços de uma ULC (under lying carrier) ou de uma rede terceirizada para que possam ser revendidos. O peering entre operadoras no Brasil geralmente ocorre por meio de IXPs (Internet Exchange Points) ou acordos diretos entre as partes, sem nenhum registro obrigatório. Para garantir a interoperabilidade e aqualidade do serviço, as operadoras podem estabelecer acordos bilaterais ou multilaterais, mas isso não parece ser rugulado pela ABR Telecom da mesma forma que o NPAC nos EUA.
Uma ULC (Underlying Carrier) é uma operadora de telecomunicações que fornece infraestrutura e serviços de rede para outras empresas, sem necessariamente atender diretamente os consumidores finais. Essas operadoras atuam nos bastidores, oferecendo conectividade, terminação de chamadas e outros serviços essenciais para provedores de VoIP e Telecomunicações.
No Brasil, um equivalente funcional às ULCs seria as operadoras de backbone e carrier globais, como Telekom Global Carrier, que oferecem infraestrutura de conectividade para outras empresas de telecomunicações. Além disso, grandes operadoras como Embratel, TIM, VIVO e Claro também desempenham papéis semelhantes ao fornecer serviços de interconexão e transporte de tráfego para provedores menores (ITSPs).
Nota Importante: A ABR Telecom é a entidade responsável pela administração da portabilidade numérica no país, garantindo que os usuários possam trocar de operadora sem perder seus números de telefone. Ela opera como uma entidade neutra, gerenciando o bando de dados central que coordena as solicitações de portabilidade entre as oeperadoras de telefonia fixa e móvel. Desde a implementação da portabilidade numérica no Brasil, a ABR Telecom tem desempenhado um papel fundamental na modernização do setor de telecomunicações.
O principal objetivo da ULC para a ITSP (aqui no Brasil, tamém chamado de Provedor de VoIP) é fazer a transição de chamadas IP mutuamente para a PSTN (rede telefônica pública comutada), bem como passar chamadas IP para IP.
Bem, e quanto às chamadas que não precisam ser enviadas para a PSTN? Elas precisam ser enviadas para a ULC? A resposta é não, não com uma estrutura de peering em vigor. Essas chamadas podem ser passadas diretamente entre as ITSPs (os Provedores de VoIP), eliminando a necessidade de passar chamadas para a ULC. Sem peering, as ITSPs dependem das ULCs para atuar como um hub central para passar o tráfego de um provedor para outro. À medida que o peering aumenta, estamos vendo cada vez mais interconexões diretas entre as ITSPs e, em última análise, menos necessidade de intermediários.
Isso significa que ITSP com grandes redes de usuários que fazem peering com outras grandes redes podem transferir chamadas diretamente entre si, reduzindo custos e aumentando a qualidade para o usuário final. Isso pode ser uma tremenda vantagem competitiva para ITSP que optam pela interconexão!
Os benefícios do peering vão muito além da simples redução de custos. Os usuários finais se beneficiarão das interconexões formadas durante o processo de peering. Como resultado do peering, os usuários finais verão uma mudança perceptível na qualidade de seus serviços. Como o intermediário é eliminado, há menos saltos de switch, redução do PDD (atraso pós-discagem), redução da degradação do serviço e menor chance de falha do equipamento.
Não é de se admirar que o peering esteja crescendo em popularidade; os clientes estão obtendo uma melhor qualidade de serviço e é isso que qualquer bom ITSP se esforça para fazer. À medida que mais ITSPs interconectam suas infraestruturas por meio de parcerias de peering e mais usuários adotam o serviço de Telefonia sobre IP (ToIP) e Voz sobre IP (VoIP), a necessidade de depender de ULCs diminuirá. Isso deixará uma rede VoIP interconectada de propriedade e operada por um grande número de ITSPs menores, em vez de algumas entidades governamentais e grandes empresas.
Mas por onde começar? Eu recomendo iniciar pela RFC6405.
Que plataforma utilizar? Eu recomendo iniciar pelo projeto 100% Open Source I::VOZ PROVIDER da Irontec. Inclusive tem um grupo de estudos com varios profissionais de ITSPs do Brasil no Telegram dedicado ao I::VOZ PROVIDER.
Recomendo, ler o artigo do Sr. Álvaro Marques: "VoIP Peering: O próximo Passo da Interconexão" disponivel no site da Teleco.
"Nada nos para, o que é que há velhinho?!" (Pernalonga - Bugs Bunny, 85 anos, criado por Tex Avery).
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